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Bezerros resgatados de situação de maus-tratos vão ser levados para santuário de animais

Cerca de 300 animais foram retirados de fazenda em Cunha, após serem encontrados passando fome e sede.

Voluntários concluíram nesta segunda-feira (7) a retirada de 300 bezerros de uma fazenda em Cunha, onde foram encontrados em situação de maus-tratos. Os animais vão passar por análise veterinária para avaliar a condição de saúde e transporte para um santuário em Pindamonhangaba, onde seguirão tratamento.

Os animais estavam em uma fazenda de engorda que foi alvo de uma operação da Polícia Militar Ambiental na última semana. No local, os policiais encontraram mais de 300 bezerros em situação de maus tratos, abandonados sem alimentação e água. Ao menos 12 bezerros morreram.

Os bezerros foram levados para o recinto de exposições de Cunha, onde foi montado um hospital de campanha com veterinários voluntários para o primeiro atendimento. Alguns tiveram que ser atendidos e estabilizados na fazenda pelo risco de não suportarem o transporte. Segundo os veterinários, não houve nenhum óbito no processo.

Veterinários que ajudaram no atendimento aos búfalos em Brotas vão fazer a avaliação dos animais um a um para saber quais já podem ser levados ao santuário em Pindamonhangaba que aceitou recebe-los para tratamento. A expectativa é de que 30% dos animais, que está estável, possa ser levado ao local ainda nos próximos dias.

Após o processo, a advogada que hoje está com a tutela para o resgate vai acionar a Justiça para pedir a autorização para levá-los ao novo local.

O santuário em Pindamonhangaba está finalizando o preparo da área para receber o volume total de bezerros resgatados. Depois do tratamento, os animais devem ser divididos, sendo enviados a outros santuários.

“Estamos tomando todas as medidas para que todos os animais sobrevivam e recebam os cuidados que precisam. Estamos com uma força-tarefa que reúne pessoas de todo o país”, explicou Erika Sarraipo, advogada com a tutela dos animais.

A ação mobiliza também o Gaema, do Ministério Público, voluntários defensores da causa animal, como o Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad) e a ONG Arca da Fé, ambos que atuaram no desastre ambiental em Brumadinho (MG), e advogadas ambientalistas.

Fazenda é investigada

Os animais foram encontrados pela Polícia Ambiental na última quarta-feira (2) sem acesso a alimentação, água ou suporte veterinário, em situação de abandono. Ao todo, foram localizados 302 bezerros.

Na ocasião, o dono foi multado em R$ 900 mil e a Justiça determinou que desse tratamento aos animais, sob pena de multa diária de R$ 10 mil para cada animal em risco. Apesar da ação, os animais seguiram abandonados e a Justiça autorizou o resgate.

Animais em situação de extremos maus tratos são encontrados em Cunha-SP — Foto: Divulgação/Polícia Ambiental

Animais em situação de extremos maus tratos são encontrados em Cunha-SP — Foto: Divulgação/Polícia Ambiental

A fazenda faz parte da empresa Mashia Agropecuária. O grupo oferece investimentos em gado de engorda, com pagamento de lucros na venda do animal. Pelas redes sociais, o negócio era oferecido como uma oportunidade investir no agronegócio “sem colocar os pés na lama”.

A empresa vendia os animais por R$ 2 mil e prometia o trabalho e criação com engorda e lucro de R$ 500, para além do investimento, em até 12 meses. Porém, a fazenda não tinha estrutura para a quantidade de animais encontrados, segundo os especialistas.

O local não tinha sistema de captação de água para os animais ou equipe de veterinários. Apenas um especialista estava no local para atendimento dos mais de 300 bezerros. Desde novembro, moradores relataram o abandono e a morte de bovinos por sede e desnutrição.

Com a ação da polícia e do MP, os donos da empresa viraram réus por maus-tratos aos animais. Na sexta-feira, eles perderam a tutela dos bezerros, que agora segue com pessoas ligadas a causa animal.

Por nota, a defesa dos proprietários da fazenda negou que os animais tenham sido vítimas de maus-tratos e questiona a ação da Polícia Civil na condução do inquérito sobre o caso. Os advogados ainda disseram que aguardam a resolução do caso na Justiça.

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Equipe de redação News Vale, o Portal de Noticias do Vale do Paraíba, Alto Tietê e Região Bragantina

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