Técnico que descobriu Moscardo vibra com evolução do volante e relembra início no interior de SP
Eduardo Vergueiro, auxiliar técnico do sub-20 do Corinthians, foi o primeiro técnico do volante em São José dos Campos, onde trajetória do garoto no futebol começou
Desde a chegada de Vanderlei Luxemburgo ao Corinthians um nome passou a ter mais chances no time profissional: Gabriel Moscardo. O volante de apenas 17 anos já realizou oito jogos, sendo sete como titular.
As oportunidades são comemoradas não apenas por Moscardo, mas por quem o acompanha desde os primeiros passos no futebol. O atual auxiliar técnico do time sub-20 do Timão, Eduardo Vergueiro, tem uma ligação que vai além das quatro linhas com o volante natural de Taubaté, no interior de São Paulo.
Vergueiro, que foi o primeiro a chamar o garoto pelo sobrenome Moscardo (o atleta utilizava o nome de Gabriel Salles), destaca o sentimento ao ver o volante se firmando no profissional.
– É um sentimento de muita alegria, realização de um sonho, tanto dele quanto meu. A maior conquista que alguém que trabalha na base pode ter é passar o máximo de atletas para a categoria de cima com a maior performance possível, é como uma conquista de título. Quando conquistam algo tão sonhado e tão difícil, todo esforço que a gente faz ao longo do tempo é recompensado, uma alegria imensa, uma concretização – comemorou.
Início no interior de São Paulo
Antes de chegar ao Corinthians aos 12 anos, em 2017, Gabriel Moscardo atuou no projeto Atleta Cidadão, da prefeitura de São José dos Campos-SP, e foi treinado por Eduardo Vergueiro.
O ano era 2015 quando Gabriel chegou ao time sub-11 do São José com apenas dez anos. O até então meia-atacante foi aprovado no período de testes iniciais e passou a fazer parte do elenco de garotos da categoria.
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Eduardo Vergueiro e Gabriel Moscardo — Foto: Reprodução/ Corinthians TV
Eduardo Vergueiro conciliava os cargos de treinador do futebol feminino e da categoria de base masculina e logo percebeu uma diferença de Moscardo para os demais. Após uma percepção de Eduardo, o jovem foi recuado para volante e tomou conta da posição.
– Eu gostava de fazer com que os meninos vivenciassem outras posições no campo. Trouxe para primeiro volante, pois tinha uma boa leitura de jogo, boa qualidade no passe, conseguia tomar boas decisões. A leitura de jogo dele o favorecia muito, era muito bom para preencher os espaços que os companheiros deixavam, para fazer cobertura. Ele também tem um bom jogo aéreo, era muito bom cabeceando. Quando o coloquei de volante, teve muito destaque e foi aprovado nessa posição – relembra o técnico.
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Antes e depois de Eduardo Vergueiro e Gabriel Moscardo — Foto: Arquivo pessoal
Na estreia pelo Atleta Cidadão, Moscardo foi bancado por Vergueiro. A comissão técnica desconfiava da titularidade do garoto, que era um ano mais novo que a categoria.
– Lembro do primeiro jogo dele no Atleta Cidadão, contra o Jacareí, na fase sub-regional em 2015. Eu fui até a minha comissão técnica e mostrei a equipe que estava pensando em escalar. Eles me perguntaram se eu não achava que ele era muito novo. Eu falei que pelo que tinha demonstrado acreditava que ele iria dar conta. No começo do jogo ele finalizou na trave de fora da área, aquilo já foi um cartão de visitas – contou.
Mesmo sendo mais novo, Gabriel já demonstrava personalidade dentro do time e comprometimento com sua carreira. Eduardo relembra oportunidades em que o garoto assumia responsabilidades dentro do time.
– Sempre demonstrou boa personalidade, tinha um bom perfil que reunia os quatro componentes principais que são tática, técnica, física e psicológica. Sempre o vi como um menino muito comprometido, disciplinado, educado, se relacionava bem com os outros garotos. Ele era quieto, mas quando falava sempre conseguia passar a mensagem que queria, tinha uma boa comunicação – comentou Vergueiro.
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Categoria sub-11 do Atleta Cidadão de São José dos Campos, em 2015 — Foto: Arquivo pessoal
Chegada ao Corinthians
Após um período juntos em São José, Eduardo foi chamado para trabalhar nas categorias de base do Corinthians em janeiro de 2017. Ele iniciou os trabalhos no sub-11 e, após troca de diretoria, foi para o sub-13 para ser auxiliar do ex-zagueiro Célio Silva.
Meses depois, percebendo a necessidade de um volante, Vergueiro lembrou de Moscardo e resolveu ligar para mãe do atleta para oferecer a oportunidade de um teste no time alvinegro.
– A mãe falou que ele estava treinando em uma escolinha em Taubaté, estava meio triste, chateado com o futebol por não estar em nenhuma equipe. Perguntei se tinham interesse em levá-lo para ser avaliado. Eu tinha essa pretensão, de dar essa oportunidade, e ia depender dele, o fato de ser aprovado ou não. Ele começou a ter destaque. Nós o levamos para ser avaliado junto ao grupo, novamente ele teve aprovação e ficou por lá – relembra.
Moscardo ficou nas categorias de base do Timão, e Eduardo foi o técnico no sub-14. No sub-17, não trabalharam juntos, mas voltaram a se encontrar no início deste ano, quando o jogador chegou ao sub-20, no qual Vergueiro é auxiliar de Danilo.
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Gabriel Moscardo e Eduardo Vergueiro, no Corinthians — Foto: Arquivo pessoal
Foram necessários apenas alguns meses na categoria para que fosse chamado para integrar alguns treinos do profissional e logo depois receber a oportunidade da estreia diante do Liverpool, do Uruguai, pela Libertadores.
– Depois da estreia ele me mandou mensagem falando sobre a sensação que estava sentindo. Vamos dizer que é um trabalho que a gente tem construído desde cedo e agora ele está colhendo. A gente sabe que esse período de transição da base para o profissional é delicado. O jogador tem um desempenho na base, mas quando vai para o profissional encontra atletas mais fortes, experientes. É um período que além de qualidade técnica e tática tem que ter uma parte mental bem desenvolvida e ele tem conseguido – opinou.
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Volante Gabriel Moscardo assinou contrato profissional com o Corinthians — Foto: Divulgação
Gratidão com o professor
Segundo o professor, Moscardo sempre demonstrou gratidão para com ele. Quando assinou seu primeiro contrato profissional, o jogador, ainda com 16 anos fez questão de ligar para Edu e agradecê-lo pela oportunidade que o deu anos atrás. Outro gesto foi quando após ser eleito o melhor jogador de um torneio na Suíça, Gabriel pediu para tirar uma foto para que um dia pudessem compará-la com as antigas, em tempos ainda de São José.
– Ele tinha 16 anos e não estávamos trabalhando juntos naquele momento, mas lembro que os pais dele me ligaram e disseram que ele queria conversar comigo. Ele pegou o telefone e disse “acabei de sair do Parque São Jorge. Acabei de assinar meu primeiro contrato e, como você foi o cara que me trouxe, me ajudou desde lá debaixo, queria te agradecer”. Isso me chamou bastante atenção, esse sentimento de gratidão dele. Ele é um menino muito educado, um cara que tem uma gratidão e não é pelo fato de estar subindo que isso diminui; a família tem todos os méritos nisso – narrou o auxiliar.
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Eduardo Vergueiro, auxiliar do sub-20 do Corinthians — Foto: Arquivo pessoal
Mesmo no início da carreira profissional, Moscardo já teve o contrato renovado e firmou vínculo com o timão até 2026. Eduardo acredita que a trajetória do garoto está só começando e que ele tem totais condições de chegar a patamares ainda maiores.
– Acredito que ele possa chegar a uma seleção brasileira, sim. Acredito que tem potencial para continuar se desenvolvendo no profissional do clube, conquistar títulos pelo clube e, de repente, se tornar ídolo do clube. Tudo vai muito da questão do tempo. Acredito que ele tem potencial e projeção – disse.
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Edu Vergueiro e Gabriel Moscardo no sub-15 — Foto: Arquivo pessoal
* João Delfino colaborou sob a supervisão de Danilo Sardinha