Com recorde de internação por Covid-19, São José dos Campos avalia medidas restritivas
Cidade atingiu nesta segunda-feira (24) maior patamar de internados desde o início da pandemia, com 296 pessoas hospitalizadas por Covid-19.
Com recorde de pessoas internadas por Covid-19, a Prefeitura de São José dos Campos avalia a adoção de medidas mais restritivas. Nesta segunda-feira (24), a cidade chegou a 296 pessoas hospitalizadas pela doença, o maior índice desde o início da pandemia.
A cidade está na fase de transição do Plano São Paulo, mas a gestão alega que os números da doença não indicam flexibilização. Segundo o prefeito, Felício Ramuth, os dados acendem um alerta para a cidade que não demonstram momento de flexibilização.
“O Plano São Paulo aponta para relaxamento, mas os dados não apontam isso. Se não medidas restritivas, medidas de atenção. Sempre defendemos que município tivesse autonomia, e agora a gente tem que ter responsabilidade para tal. Estamos tomando todas as medidas necessárias para, caso haja necessidade de fechamento, a gente possa decidir as regras”, disse Ramuth.
De acordo com os dados da Secretaria Municipal de Saúde, a cidade tem hoje 134 pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 162 em enfermaria. O número é mais alto do que os registrados em janeiro, quando a cidade foi colocada em fase vermelha por decisão da prefeitura.
O maior número antes do registro havia sido em 15 de julho, quando 236 pessoas estavam internadas. A ocupação dos hospitais reflete o ritmo da pandemia na cidade. Na última semana, entre os dias 21 e 22 de maio, a cidade teve novos mil casos confirmados da doença em 48h. No mesmo período, foram registrados 28 óbitos.
O prefeito informou que vai se reunir com outros gestores da região nesta quarta-feira (26) para avaliar medidas conjuntas. Atualmente, São José acumula 69,8 mil casos e 1,4 mil mortes e lidera o ranking na região.
Para o pesquisador Wallace Casaca, da Unesp, que acompanha a evolução da doença no estado de São Paulo, os números podem aumentar a curva de óbitos na cidade e pressionar ainda mais o sistema de saúde.
Casaca explica que, no ciclo da Covid-19, o aumento no contágio reflete em internações e, com o sistema já pressionado com alto índice de internação, a tendência é que os óbitos aumentem. Para o pesquisador, a saída é a adoção de medidas de restrição.
“O governo estadual deixando de avaliar as regiões, ele delegou essa responsabilidade de controle da pandemia para cada cidade. E a cidade deveria levar essa situação com seriedade. É o pior momento para o sistema de saúde de São José e é importante que o gestor pense em alguma medida mais restritiva”, completou.
Desde a primeira semana de maio, o estado está em fase de transição, com relaxamento das medidas de restrição de forma gradativa. O especialista alerta que, no novo modelo, o estado não faz mais análises regionais, classificando de acordo com a realidade das cidades, mas adota medidas gerais. Em Ribeirão Preto e Franca, por exemplo, as prefeituras anunciaram medidas de restrição após alta no número de casos e óbitos.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Apesar de alertar para a necessidade de restrições em São José dos Campos, o pesquisador alerta para a importância de uma decisão em conjunto com as cidades vizinhas. “Em uma análise regional, São José levanta dos dados da pandemia na região, mas não adianta a cidade fechar e não ter medida em conjunto com demais municípios. Com o fluxo de pessoas, é preciso que o Vale tome uma medida”, comentou.
Em nota, o governo estadual informou que tem norteado as ações de enfrentamento da COVID-19 por meio do monitoramento da pandemia e que o Plano São Paulo permite que os gestores municipais adotem medidas mais rígidas. Informou ainda que a Secretaria de Estado da Saúde vem trabalhando junto aos municípios para fortalecimento da rede e garantir assistência à população, em combate à pandemia.
Fonte: G1